quarta-feira, maio 09, 2007

UMA ÓPERA “BUFFA”

O cenário, em uma faculdade de Direito muito conhecida, havia sido montado a caráter. Naquela ocasião em forma de “aula magna” apresentar-se-ia um famoso advogado que tinha conseguido absolver uma jovem drogada que houvera cometido um crime hediondo. Nada mais justo do que fazer os estudantes de Direito assistir à aula de tão eminente advogado.

Na sala, nobres desembargadores, excelsos doutores e egrégios juízes estavam presentes. O inefável reitor a tudo presidia. Aquele momento era histórico e, por isso, pensou-se em tocar o hino nacional. O momento merecia.

Procuram o CD com o hino e “cadê”? Então o reitor convidou a todos a cantarem o sagrado hino da Pátria. O mutismo foi a resposta; ninguém conhecia (lembrava) a letra e, menos ainda, a melodia! A aula teve como corolário a apresentação do famoso advogado “herói das causas impossíveis!”

O nobre causídico ensinou aos discentes que o processo jurídico deveria ser “manipulado” em, pelo menos 80%, pois assim obter-se-ia a vitória.

A pessoa que me contou toda esta “odisséia” estava lá presente como aluna e considerou tudo aquilo asqueroso. Como pode um advogado – dizia – ensinar-nos a ser trapalhões? A idéia do Direito visto como um sacerdócio romântico e a favor dos injustiçados terminou ali mesmo!...

Conheço um rapaz que deixou a faculdade de Direito porque anteviu estas coisas. No momento faz faculdade de Turismo. Por isso “muita coisa podre anda no “Reino da Dinamarca” – dizia Hamlet...

Mas de qualquer maneira “salve” os bons advogados, embora “quixotescos” defensores de causas nobres! No fim das contas vemos como em uma ópera buffa, como as coisas são tratadas: nada se leva a sério, tudo é feito para proveito financeiro. Obrigam-se jogadores de futebol a cantar o hino nacional e ao mesmo tempo, introduz-se esse símbolo maravilhoso em uma chacota geral de dar pena a uma ópera “hilária”, cômica e desprezível que só nos causa lágrimas de tristeza, tal o casuísmo reinante.

“Usque tandem abutere patientiae mostrae, oh causídicos!” diria o nobre advogado romano Cícero, assassinado por defender os princípios morais da Jurisprudência.

Eleutério Sousa