terça-feira, janeiro 31, 2006

Entrevista com Roberto Preto de Oliveira (Roberto Preto).


Passo de carro todos os dias pela Vila São José. Nos poucos minutos em que atravesso o bairro, não dá para notar o “modus-vivendi” das pessoas que moram ali. Andando a pé, percebe-se, ao lado de casas bem construídas, moradias simples que abrigam um povo laborioso mas que tem como meio de sobrevivência, a atividade braçal sobretudo no ramo canavieiro. Rostos desanimados perambulam pelas ruas e se “dependuram” nos botecos à espera de uma pinga grátis. Haverá maneira de elevar o nível desta gente? Claro. Através de um bom programa que leve capacitação profissional, associações de bairro, auto-estima, etc.
Vejo no bairro poucas praças. Isso o torna muito uniforme, nivelando-o por baixo. A qualidade de vida é relativa e com poucas chances de melhorar, nestas condições.

Vamos à entrevista:
Roberto Preto de Oliveira, o “Roberto Preto”, habitante do lugar, artesão, casado, uma filha estudando direito, outra estudando curso fundamental, é alguém que se sobressai na região. Neto de Portugueses, vindos para Bragança Paulista no século XIX. Seu pai nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo. Roberto nasceu em Palmital.

Arauto - Quando começou a fazer artesanato?
Roberto - Faz dez anos. É talento pessoal. Prefiro trabalhar com madeiras.
Arauto - Qual a obra mais importante que já fez?
Roberto - É um relógio entalhado num bloco de madeira.
Arauto - Tem encomendas para seu artesanato?
Roberto - Nossa cidade é uma cidade fraca para valorizar o artesanato. Não há poder aquisitivo. Não se dá valor ao trabalho artesanal. Quero direcionar meu trabalho para o entalhe de portas, mas preciso encontrar os instrumentos certos e que não encontramos aqui, por exemplo as “goivas” para entalhar.
Arauto - E a Vila São José? Mereceria mais atenção?
Roberto - O que precisamos é de mais emprego. Estamos um pouco abandonados. Pouca gente se interessa por nossas condições. O que sobra é o trabalho braçal.
Arauto - Uma associação de bairro, talvez?
Roberto - Já tentamos mas o povo é muito desunido.

Deixamos o Roberto recebendo mercadorias para o bar onde trabalha.
Um fato chamou-me a atenção. O caminhão que trazia a mercadoria estava com a carga a descoberto e com a maior confiança do entregador. Mesmo em um bairro pobre é hora de valorizar este detalhe (honradez) e de dar condições de cidadania a esta gente.

Os crimes que a sociedade paga.


Estarrecedor sob qualquer ponto de vista, a criança jogada no lago pela mãe. Imagem de mundo cão e, ao mesmo tempo, enternecedor o ato da “pesca” milagrosa que recolheu o pequeno fardo.
Creio que todo o Brasil, e neste mundo globalizado por onde correu a notícia, todos verteram algumas lágrimas. Lembrei-me de um filme em que Moisés era resgatado das águas.
O niilismo da nossa época, em que todo e qualquer sacrifício deve ser eliminado, traz aberrações deste estilo. A mídia, sobretudo a televisão, propagandeia a vida fácil, a beleza a todo custo, gente sarada, etc. Não percebemos que a realidade é bem outra. Mesmo em nossa cidade, casais desfeitos fazem com que tenham filhos lançados na rua da amargura. A esposa, sobretudo, não vê nenhuma luz no seu futuro, e, sem qualificação profissional lança-se na sua própria sobrevivência e a dos seus, muitas vezes por métodos escusos.
Costuma-se culpar as mães por muitas coisas e com sobrada razão. Mas, que dizer dos homens irresponsáveis, preguiçosos, etc. que abandona os seus à própria sorte!
Será que o machismo não anda imperando demasiado? Ou a idéia é: a sociedade que resolva os problemas que os pais irresponsáveis não podem nem querem aceitar!
Pensemos nisso.

Eleutério Sousa.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Dicas de navegação

Peterson da Silva

Se você é daqueles que só utiliza a Internet para ter acesso a jogos, bate-papo, e-mails ou outros tipos de sites digamos... proibidos para menores de idade, este texto pode ajuda-lo a ampliar seu leque de endereços eletrônicos disponíveis na rede mundial de computadores.
Começamos pela informação generalizada. Uma boa opção para quem quer manter-se atualizado e não possui assinatura de nenhum jornal é o site da Folha de São Paulo. Nele podem ser encontradas notícias do Brasil e do mundo, em todos os segmentos de informação: esportes, política, ciência, educação, enfim, tudo. O endereço é www.folhasp.com.br.
Outra boa dica, agora para quem deseja abrir seu próprio negócio, é o site do Sebrae: www.sebrae.com.br. Lá, podemos encontrar preciosidades para pequenos e médios empresários, informações sobre toda a burocracia que se enfrenta para abrir uma empresa e muito mais, inclusive cursos on-line que capacitam quem ainda se acha despreparado para ser um homem de negócios.
Por falar em cursos on-line, o site www.iped.com.br oferece muitos, nas mais variadas áreas (inclusive cursos de idiomas). Nesse caso, há um custo (R$45,00 por um ano de acesso), mas para quem deseja estudar e não tem disponibilidade de sair de casa para isso, é uma ótima opção.
Muito boas opções também são os sites www.culturabrasil.pro.br e www.casadacultura.org. Podem ser encontrados nesses endereços diversas obras literárias, artigos jornalísticos, bibliografias de autores famosos, dados históricos e muito mais informações que enriquecem culturalmente a quem tiver e oportunidade de lê-las.
Aliás, não há como negar que a Internet é uma valiosa ferramenta para quem busca conhecimento. Acima, foram citados só alguns exemplos disso. E se assuntos de seu interesse não estão relacionados aqui, então, para finalizar, aí vai uma última dica: acessem o site www.google.com.br e digitem, entre aspas, o assunto de seu interesse. Depois selecione a opção “somente páginas em português” e clique em “buscar”. Muitos endereços relacionados ao que foi digitado serão listados.
Boa navegação!

quarta-feira, janeiro 18, 2006

PARABÉNS A VOCÊ


GABRIELA SOUSA FRANCISCHINI, aniversaria hoje e recebe os parabéns dos pais Éder e Alice, avós, tios e primos. “Esses olhinhos claros, sapecas, expressam muita ternura. Quatro anos de vida, quase nada. Minha menina querida, muito amada, que as bênçãos de Deus te protejam por toda a vida...”

À minha família querida

Tenho uma neta de quatro anos, feitos a dezoito de janeiro último. Sapeca, como todas as crianças de sua idade, lê-se nos seus olhos claros aquilo que, ainda, não consegue dizer ou escrever.

Acho que o ser humano é sobretudo espírito, limitado, talvez, e pela matéria que não o deixa desenvolver o expressar tudo aquilo que sente. Isto é personalidade ou individualidade que “informa” cada um e que devemos respeitar.

Li nos olhos e no sorriso da minha neta:

“Minha querida família”

“Quero dizer que amo todos vocês: meu pai, minha mãe, minha irmãzinha, meus avós, tios e primos. Este ano fiquei muito doente e senti o amor dos meus, sobretudo o de mamãe quando o desespero tomou conta do seu coração. Eu fui internada e as lágrimas incontidas corriam teimosas por seu rosto, porque pouca coisa podia fazer por mim, a não ser rezar.

Tenha certeza que foi seu carinho e seu amor heróico de mãe que me ajudaram a curar. Nas noites em que ardia em febre e a alergia – era essa a enfermidade – deixou meu corpo em chaga viva, ela, sem dormir, me acalentava. Jamais vou esquecer, mamãe, o seu amor!

Ao meu pai Éder, avó Maria, avó Alice, minha irmãzinha Graziela, vovô Eleutério, tios e primos, aos meus padrinhos, a toda minha família querida, agradeço seu cuidado e a Deus em primeiro lugar, por ter me curado e estar na festinha de aniversário, sã e com muito amor para todos vocês!”

Gabriela de Sousa Francischini, Cambará, PR.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Um dia daqueles


Semana passada, recebi, como presente de uma amiga, um livro de auto – ajuda que fala, com muito bom humor, sobre aqueles dias em que nada parece dar certo. Resolvi então, abordar esse assunto baseado nas páginas dessa magnífica obra.

De início, pergunto: quem nunca teve um dia daqueles? Um dia onde tudo parece dar errado, desde a hora em que nos levantamos até quando nos recolhemos, pensando que não deveríamos ter saído da cama.

Chegamos atrasados pelos motivos mais inesperados, caímos aquele inesquecível tombo e até batemos o carro: tudo parece acontecer num só dia! E como não lembrar das batidas do dedo mindinho do pé em alguma quina de mobília, ou daquela chamada de atenção do chefe. “É tão certo quanto o calor do fogo”, como diria a letra da música.

São inúmeros os aborrecimentos que parecem combinar acontecer dentro de um só grupo de vinte e quatro horas.

Agora, deixando o lado cômico dos fatos um pouco de lado, passa – se a imaginar que essa situação pode estender – se por um período maior, e então vem o questionamento de como lidar com isso.

Segundo o livro, engana – se quem pensa que tudo, uma hora, vai melhorar. Melhora para quem vai à luta, e não para os que julgam – se esquecidos por aquele lá de cima e só fazem reclamar da vida.

Não há uma receita pré - definida de como buscar uma melhor fase. Depende de cada um. Um bom início é acreditar em si mesmo, levantar sempre, não importa quantas sejam as quedas; persistir.

Algumas outras atitudes também ajudam, como nunca perder a capacidade de dar risada de si mesmo, e não temer arriscar só porque a fase não é das melhores. Além disso, aconteça o que acontecer, jamais devemos perder a chance de aprender com os acontecimentos.

Para terminar, desejo que todos tenham dias melhores, e que nunca se esqueçam que a vida continua! Vamos à luta!

Peterson Paulino R. da Silva

quinta-feira, janeiro 05, 2006

DONA ILSE

Entrevista com Dona Ilse Maria Luzia Zörrer Franco

Dona Ilse, nascida no Rio de Janeiro, descendente de pai alemão e mãe letã, casada com Francisco Antonio Franco, reside à Rua Eduardo Zacarelli, Bairro Paraná e tem dois filhos e netos.

Alta, amável, bastante lúcida, de olhos claros, penetrantes, sente-se nela o palpitar de um espírito superior.

Dona Ilse é cidadã honorária palmitalense desde 1981. Professora muito estimada em nossa cidade, lecionou Latim e Português no Cene Cel. J.J. Bittencourt. Lecionou também grego no Rio de Janeiro.

Conhecemos muita gente em Palmital que relembra com muito carinho de Dona Ilse.

Disseram-me que têm um bom vernáculo por influência das aulas de sua benquista professora. Dona Ilse aposentou-se em 1979. Há 26 anos, portanto, que Dona Ilse não leciona, mas sua imagem ainda perdura nos meios intelectuais de nossa cidade. “Transit benefacendum” - passou fazendo o bem!

- “Se deixarmos uma auréola de amor e dedicação aos nossos semelhantes, valeu a pena ter vivido!” diz Dona Ilse.

- Que acha a senhora da educação moderna?

- “A educação moderna é mais abrangente na instrução em geral...”

- Faltará aos nossos jovens uma melhor cultura básica?

- “Isso vai muito da convivência familiar. Os ambientes familiar e estudantil levam o estudante a se desligar um pouco dos estudos. O progresso escolar tem muito a ver com uma escola mais exigente, talvez à maneira clássica.”

“Quando eu lecionava, tirava um ponto do aluno que se expressasse mal. Isso os fazia pensar para não cometerem erros! (risos...) Os tempos mudaram, mudam-se as vontades!”

- A Helena, intercambiária alemã em nossa cidade capta rapidamente as regras gramaticais de nossa língua porque aprendeu latim em seu país. –A senhora acha que o latim e a filosofia deveriam voltar à grade escolar?

- “Acho que deveriam voltar, até porque os estudantes enriquecer-se-iam mais, sabendo a origem dos vocábulos, com sua grafia e significado.”

“Há quem não goste de estudar, mas, em compensação, há muitos que querem progredir. Em atenção a esses, o estudo deveria ser mais contundente em matérias de interesse específico”.

- Gostaria de voltar a lecionar?

- “Com os alunos e a escola de hoje, não! Não existe mais respeito!”

- O respeito e a educação vêm de casa?

- “Logicamente”! A base de tudo é a família. Onde a criança convive com o respeito, essa criança cresce um cidadão ou cidadã mais cônscio (a) de seus direitos e deveres e estaremos formando cidadãos de um Brasil melhor. - Na escola dá-se a instrução, em casa dá-se a educação!”

- Um alô para seus alunos...

- “Quem dera os alunos de hoje fossem iguais àqueles que eu tive por tantos anos, em todos os sentidos! A escola era solidária.”

- O Budini sempre fala da senhora com muita saudade, alguma mensagem para ele?

- “Pena que parou os estudos. Era um bom aluno!...”

Em uma bela tarde de verão, conduzimos a entrevista no jardim de nossa homenageada, acompanhada de um neto que, por sinal, fala muito bem espanhol. Tomando uma limonada super fresca, ofertada por sua filha, nos despedimos de dona Ilse e seu esposo. O sol poente já se anunciava, e com muito carinho e admiração pensamos que ainda existem pessoas que realmente são benfeitoras da humanidade.

Muito obrigado, dona Ilse.

Eleutério.

Promontório da Saudade (Ponta do Pargo)

Qual navio enorme

enfrentando tempestades, ergue-se, impávido, o Promontório.

Do alto, o farol incandescente deixa no ar um brado intermitente exalando saudades!...

Saudades que moram além do mar

para lá do horizonte

com seus medos

e seus mistérios

que se querem postergar...

Ah! Minha terra querida, repousas em meu coração,

em meus sonhos e pensamentos vejo-te em imagem garrida,

em lágrimas incontidas, desafiando os meus tormentos.

Será que terei a felicidade

de desatar o encanto

de rever-te, minha terra,

e de aí enxugar o meu pranto?

Ah! Saudade,

que me queres matar!

Eleutério Sousa

Poesia

Florbela Espanca

Poetisa Portuguesa

Com uma sensibilidade artístico-literária que a tornou a maior poetisa de Portugal.

Livro de Mágoas.

Vaidade

Sonho que sou a Poetisa eleita,

Aquela que diz tudo e tudo sabe,

Que tem a inspiração pura e perfeita,

Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade

Para encher todo o mundo! E que deleita

Mesmo aqueles que morrem de saudade!

Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo ...

Aquela de saber vasto e profundo,

Aos pés de quem a Terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,

E quando mais no alto ando voando,

Acordo do meu sonho ... E não sou nada!