Esteira de espuma (continuação)
Uma viagem marítima tem um sabor único; entre mar e céu, “cavalgando” as ondas, o navio segue o seu rumo. Minuto após minuto, hora após hora, dia após dia, aparentemente “um cavaleiro errante”, a nave imensa “traça” sua rota!
Alheia à máquina que navega, cruzando o oceano, a vida fervilha, faz nascer encontros, conhecer novas pessoas, ensaiar um novo idioma – no navio viajavam cidadãos espanhóis e italianos, enfim, uma cidade em miniatura que só não fazia esquecer os laços familiares e sentimentais que ligavam o Manoel à sua ilha e à sua gente.
Da amurada do barco, vira desaparecer, à distância, primeiro, seus pais que estavam na sua despedida, a sua cidade e, por fim, as montanhas que, em anfiteatro, cercam o burgo.
À medida que o navio avançava para o alto mar, desapareciam entre a neblina rarefeita, os últimos picos das montanhas. Um último apito, o último silvo do navio, triste, pungente, dava o toque de despedida. Dificilmente encontraremos uma simbiose tão estranha como esta em relação à saudade e distância que aumentava mais e mais...
Uma dor difícil de amainar permaneceu assim, por horas, no coração de nosso personagem.
Mas, o ritmo da aventura, sem desligar seus laços ancestrais, dava o tom à vida, ao bulício que se antevia para seu futuro!...
Continua...
Eleutério Sousa
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