DONA ILSE
Entrevista com Dona Ilse Maria Luzia Zörrer Franco
Dona Ilse, nascida no Rio de Janeiro, descendente de pai alemão e mãe letã, casada com Francisco Antonio Franco, reside à Rua Eduardo Zacarelli, Bairro Paraná e tem dois filhos e netos.
Alta, amável, bastante lúcida, de olhos claros, penetrantes, sente-se nela o palpitar de um espírito superior.
Dona Ilse é cidadã honorária palmitalense desde 1981. Professora muito estimada em nossa cidade, lecionou Latim e Português no Cene Cel. J.J. Bittencourt. Lecionou também grego no Rio de Janeiro.
Conhecemos muita gente em Palmital que relembra com muito carinho de Dona Ilse.
Disseram-me que têm um bom vernáculo por influência das aulas de sua benquista professora. Dona Ilse aposentou-se em 1979. Há 26 anos, portanto, que Dona Ilse não leciona, mas sua imagem ainda perdura nos meios intelectuais de nossa cidade. “Transit benefacendum” - passou fazendo o bem!
- “Se deixarmos uma auréola de amor e dedicação aos nossos semelhantes, valeu a pena ter vivido!” diz Dona Ilse.
- Que acha a senhora da educação moderna?
- “A educação moderna é mais abrangente na instrução em geral...”
- Faltará aos nossos jovens uma melhor cultura básica?
- “Isso vai muito da convivência familiar. Os ambientes familiar e estudantil levam o estudante a se desligar um pouco dos estudos. O progresso escolar tem muito a ver com uma escola mais exigente, talvez à maneira clássica.”
“Quando eu lecionava, tirava um ponto do aluno que se expressasse mal. Isso os fazia pensar para não cometerem erros! (risos...) Os tempos mudaram, mudam-se as vontades!”
- A Helena, intercambiária alemã em nossa cidade capta rapidamente as regras gramaticais de nossa língua porque aprendeu latim em seu país. –A senhora acha que o latim e a filosofia deveriam voltar à grade escolar?
- “Acho que deveriam voltar, até porque os estudantes enriquecer-se-iam mais, sabendo a origem dos vocábulos, com sua grafia e significado.”
“Há quem não goste de estudar, mas, em compensação, há muitos que querem progredir. Em atenção a esses, o estudo deveria ser mais contundente em matérias de interesse específico”.
- Gostaria de voltar a lecionar?
- “Com os alunos e a escola de hoje, não! Não existe mais respeito!”
- O respeito e a educação vêm de casa?
- “Logicamente”! A base de tudo é a família. Onde a criança convive com o respeito, essa criança cresce um cidadão ou cidadã mais cônscio (a) de seus direitos e deveres e estaremos formando cidadãos de um Brasil melhor. - Na escola dá-se a instrução, em casa dá-se a educação!”
- Um alô para seus alunos...
- “Quem dera os alunos de hoje fossem iguais àqueles que eu tive por tantos anos, em todos os sentidos! A escola era solidária.”
- O Budini sempre fala da senhora com muita saudade, alguma mensagem para ele?
- “Pena que parou os estudos. Era um bom aluno!...”
Em uma bela tarde de verão, conduzimos a entrevista no jardim de nossa homenageada, acompanhada de um neto que, por sinal, fala muito bem espanhol. Tomando uma limonada super fresca, ofertada por sua filha, nos despedimos de dona Ilse e seu esposo. O sol poente já se anunciava, e com muito carinho e admiração pensamos que ainda existem pessoas que realmente são benfeitoras da humanidade.
Muito obrigado, dona Ilse.
Eleutério.
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