A VIDA DO ESPÍRITO (CONT.:)
“ Se conhecesses o dom de Deus e quem é que diz: dá-me de beber, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva” ( Jô. 4,10 ).
A vida do espírito humano, dizíamos, é a vida de sua fonte, do Espírito perfeito, que é Deus.
Ela, como em Deus, consiste em pensar e querer a vida, em amor.
Ela é atribuída à ação do Espírito Santo presente em nós.
De fato São Paulo nos diz: “ Aquele que ressuscitou Cristo dos mortos vivificará também os vossos corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vós” ( Rm. 8,11). E ainda: “ O amor de Deus ( a vida divina ) foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” ( Rm. 8,11 ).
Mas, esta presença e esta ação do Espírito Santo em nós é por atribuição.
Quer dizer, a presença do Espírito Santo em nós, na realidade, indica a presença da Trindade em nós. Não pode haver presença de uma pessoa divina sem a presença das outras.
Também o pensar e querer a vida ( o amor ) me nós são atribuídos ao Espírito Santo, mas na verdade, são a vida da trindade toda: Pai, Filho e Espírito Santo.
Faz-se esta atribuição porque a presença e a atividade da Santíssima Trindade em nós são um dom, uma realização de amor de Deus, e o Espírito Santo, em Deus, é a vontade, o amor. Nada, pois, de mais natural do que atribuir e a vida da Santíssima Trindade em nós ao seu Amor: o Espírito Santo.
De modo que quando falamos do Espírito Santo e da vida divina em nós entenderemos sempre a presença da Santíssima Trindade, vivendo e agindo em nós.
Assim as expressões: “ habitação do Espírito Santo” ( Rm. 8,9 ), “ templo vivo do Espírito Santo” ( 1 Cor. 6,19 ), com que são denominadas as pessoas que vivem a vida divina em Cristo nos revela: “ a eles viremos e nele estabeleceremos morada” ( Jo. 14,23 ), isto é a presença e a ação do Espírito Santo são a presença e a ação do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Notemos também que a presença de Deus em nós não diminui a sua transcendência. Ele é absolutamente transcendente em relação ao mundo: ele é espírito ( Jo. 4, 24 ) absoluto. Mas está presente nele com força vivificante. Isso é valido, especialmente, quanto ao homem: Deus está no íntimo do seu ser, como pensamento, consciência e coração. Ele é “ Interior intimo meo”, isto é, mais íntimo do que o meu íntimo, dizia Santo Agostinho.
De modo que, a vida da pessoa boa, que vive cumprindo os próprios deveres, com responsabilidade, honestidade e amor, é a vida de Deus nela. É Deus que nela pensa e quer aquilo que ela faz. Por isso todo o seu pensar e o seu agir se divinizam e se transformam fonte de bem, em graça, para ela e para os outros.
Esta vida do espírito humano, que, repito, é o pensamento e a vontade de Deus em nós, Jesus a chama também de “ água viva... que jorra para a vida eterna” ( Jo 4,10-14).
“ Se conhecesse diz à Samaritana o dom de Deus e quem é que te diz dá-me de beber tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva” ( Jo 14,10 ).
Diz também: “ Quem tem sede venha a mim: e beba quem crê em mim” ( Jo 7,38 ). E ainda: “ A água que eu lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna” ( Jo 4,14 ), isto é, a vida de Deus em nós diviniza a nossa existência terrena e constitui a nossa felicidade na eternidade.
No colóquio com Micodemos Jesus fala também da necessidade de um novo “ nascimento” para entrar no Reino de Deus. Este novo “nascimento”, diz, deve ser “pela água e pelo Espírito Santo” ( Jo.3,5 ).
A água é o símbolo da vida e o Espírito Santo indica Deus, a Santíssima Trindade, fonte desta vida. De fato este novo nascimento, que normalmente se realiza no santo Batismo, acontece “ em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo” ( Mt. 28,19).
É um “ novo nascimento” porque, pela Redenção de Cristo torna capaz e opera a participação da vida de Deus, é fruto da morte e Ressurreição de Cristo.
Com efeito, o mesmo Jesus o diz aos Apóstolos no discurso de despedida, quando promete o Espírito Santo: “ é de vosso interesse que eu parta, pois, se eu não for o Paráclito não virá a vós. Quando eu for, enviá-lo-ei a vós” ( Jo.16,7).
A vinda do Espírito Santo que quer dizer da Santíssima Trindade e, consequentemente, da vida de Deus é condicionada ao partir de Cristo, isto é à sua morte e Ressurreição, através das quais Jesus realiza a nossa Redenção. Virá por causa da Redenção realizada por Cristo.
Este é o grande dom que Deus nos faz e que Jesus nos obteve morrendo na cruz pelos nossos pecados.
Por que participamos da santa Missa? Porque indo à Missa, que torna presente a morte e ressurreição de Cristo, vamos nos purificar e nos renovar na vida espiritual n fonte do perdão e da vida divina, que são a morte e a ressurreição de Jesus.
É como se fôssemos tomar um banho espiritual de purificação no sangue derramado de Jesus e nos alimentarmos espiritualmente, assimilando cada vez mais o seu espírito divino, no encontro com ele ressuscitado à semelhança dos apóstolos e de Maria Santíssima, que participaram da sua morte e se encontraram com ele ressuscitado.
( continua )
CATEQUESE DA CRISMA
CATEQUISTA: DENER MOLERO DE LIMA
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