A LÁGRIMA
No terreno ressequido uma flor minúscula lutava pela sobrevivência. Uma estiagem inclemente havia reduzido a folhas secas toda uma plantação. Junto de um arbusto protetor restava a última planta, a última flor, esmaecida, estiolada, definhando-se, desejando que uma gota de orvalho viesse embeber sua raiz e dar-lhe um alento de vida.
A umidade formada pelo sereno da noite formara gotas que, nas folhas enrarecidas do arbusto protetor, teimavam em não descer até o solo.
A flor como em uma última lufada de esperança, desejava aquelas gotas como sua tábua de salvação. Uma brisa suave ajudava a escorrer aquelas gotas que, aleatoriamente, espalhavam-se pela terra.
A flor, precisando daquelas gotas para sua sobrevivência, não havia sido contemplada, para desespero seu. E assim, até a noite seguinte em que se formaria um novo orvalho, a flor terminou por definhar-se.
Quantas pessoas precisam de uma gota de vida, de um alento, um gesto solidário que se recusam terminantemente em vir até nós? Palavras de ânimo, como gotículas salvadoras, um sentimento em forma de uma lágrima, são suficientes para ajudar a quem precisa desesperadamente de um conforto. Não esqueçamos que o ser humano é, sobretudo, solidário e que a interajuda é essencial para seu crescimento.
Eleutério Sousa
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