Campanha da Fraternidade - A satisfação plena das poucas coisas
Se pudéssemos entrar em um túnel do tempo e presenciássemos a chegada dos primeiros europeus às nossas praias, a primeira impressão seria de assombro, depois admiração e, provavelmente, de cobiça. Aquelas naus enormes, se comparados às canoas dos índios, deviam ter-lhes incutido aquele sentimento que é apanágio de todo o ser humano: a cobiça.
Deixar-se seduzir pela riqueza, pelo poder e pelo conforto nada tem de mais, o problema é deixar-se escravizar por essas coisas!
Naquelas naus vinha o objeto de sedução. Dizem os cronistas que os índios trocavam suas mulheres e filhas por machados de ferro. Acostumados a escavar troncos de árvores, queimando-os no meio para fazer canoas, os índios maravilharam-se com as facilidades oferecidas por aquele utensílio. Os franceses dizimaram as florestas de pau-brasil em troca de instrumentos agrícolas e de – pasmem – contas de vidro! Levaram o pau-brasil para fazer tinta com que tingiam tecidos no vale do Loire! A cor púrpura-fogo do pau-brasil fazia a “cabeça” das mulheres da época!
Vi no Fantástico, no último domingo, grupos de pessoas que se organizam para viver com o mínimo possível. Pessoas de nível superior, sujeitam-se à frugalidade das coisas para serem felizes. Será que estamos voltando ao espírito dos mosteiros? O homem percebe que de nada adianta ganhar o mundo se vier a perder a sua alma! Nós somos mais espírito do que matéria, e isso é uma das causas da nossa insatisfação no peregrinar neste “Vale de Lágrimas!” Pensemos nisso!
Eleutério Sousa