Adeus Ano velho!
Estropeado, com o rosto cheio de “band-aid” muletas, roupa esfarrapada, barba desgrenhada e chinelos gastos, sem contar o chapéu todo furado que mais parecia de espantalho, lá ia caminhando na berma da estrada o Sr “Ano Velho!”
- Que bela chance para uma entrevista! – pensei.
Acerquei-me e lá fui proseando.
- Bom dia, caro senhor! Como vai?
- Pois é, meu caro, estou entregando os pontos. Fui substituído e oxalá o meu parceiro tenha mais sorte do que eu!
- Como assim?
- A história vai me acusar (2006) de ser o ano de todas as trapaças. Não queria ser lembrado como o ano da vergonha nacional!
- Deixa isso! Já ninguém se lembra! Acabou tudo em pizza! Nosso povo é bom, e é por isso que todos montam nele! Esquece isso!
- Estou morrendo e a consciência me dói! Tantas oportunidades perdidas!... E o salário deles? Não é que queriam aproveitar-se de mim e fazer aquele escândalo? Mesmo depois de morto, meus ossos vão se revolver de tanta ignomínia!
- Deixa pra lá, velho! No novo ano, começa tudo igual! Sabe de quem é a culpa? Do povo...
- Do povo? Mas como?
- Claro, o povo parece enfeitiçado por canto de sereia e tudo vai ser feito até nas “barbas” do Ano Novo e que ficará velho também!
- Não há esperança mesmo!
O ano velho expirou nos meus braços e veio-me à cabeça a idéia de uma “força cidadã” que crescesse geometricamente por todos os cantos do país e conseguisse evitar tantos desmandos. Que belo país teríamos, então! Seria tão bom, até mesmo para tantos corruptos que aproveitar-se-iam honestamente de tantas benesses que iriam surgir! O Eldorado é aqui. Só precisamos de usufruí-lo com parcimônia e equidade!
Pensemos nisso. Feliz Ano Novo a todos!
Eleutério Sousa
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